O novo papel do (velho) RP, também chamado de “Relações Públicas”

Falando de Relações Públicas e Assessoria de Imprensa no mundo digital. Uma pesquisa realizada pelo Reuters Institute Study Journalism, da Universidade de Oxford, que resultou no livro Journalism and PR News Media and Public Relations in the Digital Age, de John Lloyd e Laura Toogood está movimentando a indústria da comunicação.

No Brasil, a Folha de S. Paulo, repercutiu o assunto com a publicação da matéria “Estudo analista jornalismo e relações públicas – Com mudanças na era digital, setores precisam negociar novo contrato, afirma autor”, do analista Nelson de Sá sobre o tema (Folha de S. Paulo, B6, em 15/1/2015).

O tema principal do livro: há uma diminuição da dependência da área de relações públicas em relação ao jornalismo e um aumento da dependência do jornalismo em relação ao RP. Segundo os autores, a comunicação das empresas, organizada pelos RPs, pode prescindir dos jornalistas, chamados pelos autores de gatekeepers (“porteiros”), para persuadir e se comunicar com os públicos e com o “mass market”, na medida em que podem passar a se comunicar diretamente por meio da Internet, principalmente via Redes Sociais e outros canais de relacionamento.

A Internet, de acordo com os autores do livro, adicionou um componente de crise para os RPs que administram a reputação das empresas e marcas, uma vez que tornou a comunicação com os consumidores e públicos diversos muito mais exposta e, portanto, precária. Mas revelou também uma oportunidade – a de abrir vários canais de comunicação próprios. Ao fazerem isso, desde que sigam os ditames de uma organização de mídia, as empresas se transformam elas mesmas em organizações de mídia.

Para John Lloyd e Laura Toogood o RP ainda precisa do jornalismo na forma de “endosso” de um terceiro influente para as suas ações. De fato, ao estudarmos o fenômeno de aparição e consolidação de várias marcas – do Walmart à Apple – veremos que muitas conseguiram brilhar até hoje em meio a tantas outras justamente por seus gestores de RP terem realizado um trabalho eficiente e incessante de comunicação com os públicos por meio do endosso da imprensa. Mas esta dependência é cada vez menor.

O interessante agora é que muitas das funções do jornalismo já estão sendo assumidas pelas lideranças de RP, segundo os autores da pesquisa/livro.

Neste sentido, a tecnologia conta a favor dos RPs. Ela permite desde a criação e administração de conteúdo pelas empresas para falarem diretamente com os públicos, como também o acesso destes públicos à informação sobre as empresas, a partir dos imensos bancos de dados disponíveis. Isto, segundo os autores do livro, cria um alto valor no fluxo de mensagens que são emitidas por instituições, empresas ou indivíduos, de maneira ativa ou reativa.

A transparência das Redes Sociais ajuda a pressionar a transparência das organizações e cria demandas infinitas por engajamento em todos os níveis, de corporações poderosas a indivíduos. Por outro lado, a transparência cobra um preço aos usuários, que passam a ser seguidos e rastreados por sistemas de monitoramento e coleta de dados.

Os RPs conseguem, desta forma, entender o “sentimento público” ou a voz das ruas. O conhecimento do dado – no formato de entendimento do indivíduo, do grupo ou do público – significa em última análise o conhecimento do mercado. Agora os RPs precisam saber de sociologia, antropologia, psicologia, política e … SEO.

Edward Bernays, o pai do RP, citava com frequência Abraham Lincoln. Em um debate para a campanha presidencial, Lincoln teria dito que o “o sentimento público é tudo. Com o sentimento público nada pode falhar. Sem ele, nada pode ter sucesso”.

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