SXSW e Festival Path: bem-vindo aos eventos sob demanda

Vamos falar do evento sensação do momento, o SXSW. Esta marca tem inspirado uma leva de outros eventos como o Festival Path, que foi realizado no mês passado em S. Paulo.

SXSW, sigla de South by Southwest, é um festival que é realizado desde 1987 em Austin, Texas, geralmente em março quando começa a primavera nos EUA. A proposta é reunir talentos e empresas para refletir sobre cinema, ouvir boa música e principalmente tecnologia em um ambiente propício a relacionamentos e outras experiências, incluindo gastronomia (da mais trash à descolada).

O SXSW inovou ao desconstruir o modelão tradicional de palestras. Ao invés de um evento com especialistas sentados de frente a uma plateia com centenas de pessoas criaram um evento com centenas de palestras para dezenas de participantes. É uma sensação esquisita: as pessoas não saem de um evento com a sensação que ganharam algum ensinamento ou insight; saem com a sensação de que estão perdendo alguma coisa que está sendo realizada na mesma hora em algum lugar próximo.

Os organizadores sacaram a mudança dos tempos. Não existe mais eventos broadcast; agora os eventos são sob demanda: o usuário estuda quais são os temas de interesse e vai para a fila na tentativa de achar um lugar na sala. Nesta experiência acaba encontrando outras pessoas que também se interessam pelo mesmo tema, há troca de cartões e podem surgir negócios, start ups se formam. E não há problema também se não achar lugar nas salas pequenas: os eventos têm lives, podem ser assistidos ao vivo pelos apps (veja o caso dos TEDs).

Outra vantagem do novo modelo “on demand” deste tipo de evento: os curadores se esforçam em propor uma infinidade de assuntos pertinentes aos novos tempos. Não há também assuntos “broadcast”, são multicasts. Há muita gente que pode não saber de muita coisa mas sempre tem alguém com algo para contar que interessa aos pequenos grupos. No meio de tanto palestrante é óbvio que há pessoas muito especiais, aquelas que vão ajudar a mudar e melhorar o mundo, apresentar novos olhares para velhos problemas.

A ideia é mostrar a todos os que estão nestes festivais que eles estão participando da construção de um novo futuro e que tudo ainda está sendo desenvolvido de maneira colaborativa e coletiva. A sensação de perda (não assistir outras palestras) e ganho (por presenciar a revolução dos negócios proporcionada pelas novas plataformas digitais) é visível: estamos em um ambiente sincrônico e assincrônico, não-linear e quântico, a mentalidade dos novos profetas antecede à revolução digital. Todos querem criar um mundo melhor, mais sustentável e diferente desse que nos acostumamos mas que não concordamos.

O pessoal da Art Presse – agência de Relações Públicas e da 140 – agência de Social Media da Art Presse, participou ativamente do Festival Path, realizado na região da Vila Madalena e Pinheiros, em S. Paulo. Eu, inclusive. Achei o evento muito legal, ótima vibe e bons assuntos para as palestras, os temas eram super atuais. Poucas palestras, no entanto, faziam a diferença, aquela sensação de sair iluminado, de epifania. E como eram muitos eventos ao mesmo tempo, claro, muita desorganização (chegaram a marcar um evento na Fnac no domingo às 10h mas o Fnac só abria às 11h da manhã).

Não importa, são apenas detalhes. O mundo está em mudança e certamente estamos perdendo algum detalhe que pode fazer toda a diferença.

Ricardo Braga (Art Presse e 140)

 

PS.: Nunca fui ao SXSW, adoraria ir. Escrevi estas reflexões baseado em relatos de pessoas que admiro e acompanho como a Marisa Furtado (assisti uma apresentação dela sobre como entender e curtir o SXSW) e o Fernando Luna (assisti ao um vídeo dele). Mas estive no Festival Path.

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